O
medo é um estado de progressiva insegurança e angústia, de impotência e
invalidez crescentes, ante a impressão iminente de que sucederá algo que
queríamos evitar e que progressivamente nos consideramos menos capazes de fazer[1].
O
medo é oriundo de uma exposição a situação causadora da fobia, a angústia é um
estado de expectativa de um perigo, de terror que se perfaz quando o indivíduo
vivencia uma situação perigosa.
Neste
aspecto, Dalmara Marques Abla[2] explica utilizando os
conhecimentos do festejado psicanalista Freud:
Para Freud, o
termo medo requer um objeto determinado, em presença do qual algo se sente. A
angústia, ele esclarece, designa certo estado de expectativa frente ao perigo e
preparação para ele, ainda que se trate de um perigo desconhecido. Freud chama
terror o estado em que o sujeito cai quando corre perigo sem estar preparado,
com destaque ao fator surpresa.
A
angustia mencionada por Freud na explicação da professora Abla é definida como
um mal-estar psíquico e físico que pode ser sentida fisicamente como um aperto
na região epigástrica, de bolo na garganta, acompanhada por palpitações,
palidez e a impressão de que as pernas vacilam, juntamente com uma dificuldade
para respirar[3].
A
sensação de ameaça induz o cérebro a ativar um conjunto de compostos químicos
que provocam o aumento do batimento cardíaco, a aceleração da respiração e a
contração muscular, ou seja, sensações e alterações físicas que afetam
diretamente o corpo humano de uma forma muito severa. Sobre essas alterações nefastas
é o lecionado por Jean Delumeau[4]:
“Colocado em
estado de alerta, o hipotálamo reage por uma mobilização global do organismo,
que desencadeia diversos tipos de comportamentos somáticos e provoca,
sobretudo, modificações endócrinas. Como toda emoção, o medo pode provocar
efeitos contrastados segundo os indivíduos e as circunstâncias, o até reações
alteradas em uma mesma pessoa: a aceleração dos movimentos do coração ou sua
diminuição; uma respiração demasiadamente rápida ou lenta; uma contração ou uma
dilatação dos vasos sanguíneos; uma hiper ou uma hipo-secreção das glândulas;
constipação ou diarréia, poliúra ou anúria, um comportamento de imobilização ou
uma exteriorização violenta. Nos casos-limite, a inibição era até uma
pseudoparalisia diante do perigo (estado cataléptico) e a exteriorização
resultará numa tempestade de movimentos desatinados e inadaptados,
característicos do pânico.”
Portanto
conclui-se que a exposição sistemática a situações de fobia gera o medo, que
consiste em um estado progressivo de alerta que causa insegurança e angustia,
sentimentos estes que quando somatizados afetam o funcionamento perfeito da
biologia do corpo humano.
[1] DALGALARRONDO, Paulo.
Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais, p.109. Porto Alegre:
Artmed, 2006,
[2] ABLA, Dalmara Marques. Experiência
de Saber - Escola Letra Freudiana - Reflexões sobre o objeto no medo e na fobia,
p.155, Ed. 7 Letras, 2009
[3] VANIER, Alain. Temos medo de quê?
Revista Ágora, p.286. Rio de Janeiro. v. IX n 2 jul/dez 2006.
[4] DELUMEAU,
Jean. História do medo no Ocidente: 1300-1800., p.23, 3ª rein. São Paulo:
Companhia das Letras, 1989