Toda
criança é produto do meio, segundo Vygotsky, o meio é sempre revestido de significados
culturais e só tem o sentido cultural que lhe dermos. Os significados culturais
só são aprendidos com a participação dos mediadores.
Nesta esteira, podemos afirmar que os pais são os primeiros
mediadores de parâmetros sócio culturais que uma criança tem.
A partir destes modelos sociais e culturais ela tomará de
base as posturas que irá adotar em outros círculos organizados como escolas,
shoppings e etc.
Se os pais forem presentes porém permissivos, as crianças terão
a noção de que não há limites para elas.
Se os pais forem ausentes, elas crescerão sem qualquer noção
de limite social e podem se tornar jovens delinquentes.
Caso os pais sejam presentes, entretanto, agressivos ou
extremamente castradores, os filhos crescerão com medo do mundos e muito mais
suscetíveis a reações depressivas ou violentas aos impasses e derrotas naturais
da vida.
O modelo mais adequado é o qual os pais são presentes,
limitando moderadamente o comportamento dos filhos, ensinando-os bases de
convívio pacífico, respeitando os balizadores que garantem a paz social.
Talvez o modelo mais adequado para frear o bullying escolar
seria um misto entre o modelo sócio construtivista de Vygotsky para servir de
base quanto aos exemplos sociais pacíficos e Henri Wallon para que possamos
utilizar o modelo de resposta imediata aos estímulos sofridos.
Segundo Wallon, a criança responde às impressões que as coisas lhe causam
com gestos dirigidos a ela.
Em outra analise, se uma criança está em um ambiente de
carinho, paz e atenção, certamente ela responderá socialmente como um indivíduo
pacífico e respeitador da dignidade humana.
Ainda com base neste teórico, afirmo que o comportamento
adotado por uma criança ocorre como resposta para uma necessidade interna. Ou
seja, se a criança percebe corriqueiramente comportamentos violentos ou
agressivos, ela terá a necessidade de defender-se das agressões, o que neste
caso ela usará o único parâmetro que conhece, sendo ele o comportamento
violento.
Se a criança não tem um ambiente de afeto em casa, ela deve
encontrar isso na escola.
Isso significa dizer que a escola deve proporcionar uma
formação acadêmica e intelectual com afetividade.
Por
isso que os pais são responsáveis
diretos pela educação social dos filhos e a escola é responsável
solidária.
A
família é o primeiro ambiente socialmente organizado que a criança percebe, e os estímulos ali
sofridos, são levados para a vida social extra familiar.
Em
outro giro, é acertado pensar que um ser humano não pode ir a escola apenas
para apreender teoria acadêmica, porque a escola também é um ambiente de
interação social.
A
escola e a família são meios de burilar o caráter e os saberes acadêmicos e
sociais de uma criança.
Aqui
cabe frisar que, o fenômeno bullying
pode ser evitado com a educação baseada na afetividade e nos constantes
estímulos esternos de tolerância e respeito.
O
mundo precisa do saber acadêmico tanto quanto precisa de afeto.
Toda
educação sem afeto torna a alma fria frente as necessidades humanas.
Todo
afeto sem direcionamento social torna o individuo vulnerável ao embates
naturais de uma vida em sociedade.
Alexandre Saldanha
OAB-PR nº47.535
Advogado,
Palestrante, Especialista em Bullying, Especialista em Mobbing, Especialista em
Direitos da Personalidade, Pós graduado em Direito Civil , Pós graduado em
Direito Processual Civil, Pós graduado em Direito Contemporâneo, Líder
Ativista, Fundador da Liga Anti-bullying, Blogueiro e Escritor.
BIBLIOGRAFIA
·
Cláudio J.P Santini, Afetividade e
Inteligência, volume I, A Educação na Escola
·
Wallon, Henry, Uma concepção dialética
do desenvolvimento infantil, Izabel Galvão, 136 págs. 2004, Editora Vozes
·
Wallon, Henry,Psicologia, Maria José
Soraia Weber e Jaqueline Nadel Brulfert (org), São Paulo,Àrtica, 1986
·
Vygotsky, Lev,
Imaginação e Criatividade na Infância, Editora Dinalivro, 160 págs., 2012
·
Vygotsky, Lev, A Construção do Pensamento e
Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 496 págs., 2001.