terça-feira, 26 de novembro de 2013

BULLYING, O ÍNDICE DA MALDADE


As punições podem frear a violência do comportamento humano, mas, a educação transforma a essência destes comportamentos em gestos pacíficos de tolerância e respeito. (Alexandre Saldanha)

Dan Olweus definiu o bullying ou vitimização da seguinte forma geral: Um estudante está sendo intimidado ou vitimado quando ele ou ela está exposto, repetidamente e ao longo do tempo, a ações negativas por parte de um ou mais estudantes.
Já o site da organização STOP BULLYING, o conceito de bullying é compreendido como um comportamento, indesejado agressivo entre crianças em idade escolar, que envolve um desequilíbrio de poder real ou percebida. O comportamento é repetido, ou tem o potencial de ser repetida, ao longo do tempo. Bullying inclui ações como fazer ameaças, espalhar rumores, atacar alguém fisicamente ou verbalmente, e excluindo alguém de um grupo de propósito.[1]
O bullying é um mal social que assola os quatro cantos do globo, por isso, muitos países desenvolvem estudos para mapear essa violência na tentativa de frea-la ou evitá-la.
Neste artigo veremos estudos realizados no Brasil durantes os anos de  2009 até 2011 com a finalidade de mapear o bullying, vamos aos estudos:
A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) em convênio com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP/MEC). A pesquisa² abrangeu 18.599 respondentes em 501 escolas de 27 Estados, incluindo estudantes, professores, diretores, demais profissionais de educação e pais ou responsáveis. Os resultados indicam que o preconceito e a discriminação latentes nas escolas resultam muitas vezes em situações em que pessoas são humilhadas, agredidas ou acusadas de forma injusta - simplesmente pelo fato de fazerem parte de algum grupo social específico.
Conforme esta pesquisa as práticas de bullying no ambiente escolar têm como mais correntes vítimas os alunos, entretanto, atingem igualmente os professores e funcionários. Entre alunos, que responderam as pesquisas, muitos declaram precisar a prática  bullying motivadas pelo fato de serem as vítimas negras (19%), em seguida por serem pobres (18,2%) e, em terceiro lugar, por serem homossexuais (17,4%). Já entre professores, as principais vítimas de tais situações são os mais velhos (8,9%), os homossexuais (8,1%) e as mulheres (8%).[2]
Também em 2009, outra pesquisa realizada pela CEATS em parceria com FIA e a PLAN  coletaram dados  com 5.168 alunos da 5º até  a 8º serie de todas as regiões do Brasil, de escolas publicas e particulares[3].
Dessa pesquisa chegou-se até o seguinte índice:
70% dos estudantes presenciaram agressões entre colegas dentro da escola em 2009.

Meninos:
12,5% eram vitimas
12,5% eram agressores 

Meninas:
7,6% eram vitimas
8% eram agressoras


Locais de agressões (%):

 Dentro da sala de aula 21%
 No pátio 7,9%
Nos corredores 5,3
Nos portões da escola 1,8%



No ano de 2010, uma pesquisa realizada pelo IBGE apontou Brasília como a capital do bulliyng. Segundo o estudo, 35,6% dos estudantes entrevistados disseram ser vítimas constantes da agressão. Belo Horizonte, em segundo lugar com 35,3%, e Curitiba, em terceiro lugar com 35,2 %, foram, junto com Brasília, as capitais com maior frequência de estudantes que declararam ter sofrido bulliyng alguma vez28% dos estudantes brasileiros foram vitimas de algum tipo de violência dentro da escola em 2009[4].
Vejamos a lista completa com as dez capitais brasileiras com maior índices de ocorrência de bullying:
1º. Brasília (Distrito Federal): 35,6% dos estudantes já sofreram bullying
2º. Belo Horizonte (Minas Gerais): 35,3%
3º. Curitiba (Paraná): 35,2%
4º. Vitória (Espírito Santo): 33,3%
5º. Porto Alegre (Rio Grande do Sul): 32,6%
6º. João Pessoa (Paraíba): 32,2%
7º. São Paulo (São Paulo): 31,6%
8º. Campo Grande (Mato Grosso do Sul): 31,4%
9º. Goiânia (Goiás): 31,2%
10º. Teresina (Piauí) e Rio Branco (Acre): 30,8%

Conforme o estudo publicado em 30/11/2011 pela pesquisadora Lúcia Cavalcanti Williams, da Universidade Federal de São Carlos[5], cerca de 70% das crianças e adolescentes envolvidos com bullying escolar sofrem algum tipo de castigo corporal em casa. Do total dos entrevistados, 44% haviam apanhado de cinto da mãe e 20,9% do pai. A pesquisa mostra ainda outros tipos de violência - 24,3% haviam levado, da mãe, tapas no rosto e 13,4%, do pai.
Conforme a pesquisadora, meninos vítimas de violência severa em casa têm oito vezes mais chances de se tornar vítimas ou autores de bullying. “O castigo corporal é o método disciplinar mais antigo do planeta. Mas não torna as crianças obedientes a curto prazo, não promove a cooperação a longo prazo ou a internalização de valores morais, nem reduz a agressão ou o comportamento antissocial”
Como estes estudos observamos que o bullying se tornou a denominação para diversas formas de segregação que ocorrem entre crianças e jovens de todas as classes sociais.
Também observamos que os ambientes familiar e escolar podem influenciar na forma e nos motivos que motivam a prática do bullying.
Por todos estes indicativos,  é necessária a mudança de paradigmas educacionais em que a mútua colaboração é mais importante que a competitividade entre pares.
Da mesma forma deve-se modificar conceito de que há saberes melhores que outros, pois, o que existem em verdade são diferentes saberes que se completam em prol do bem comum.
Finalmente, deve-se compreender que cada sujeito é especial em sua particularidade e por isso, suas características pessoais devem ser respeitadas independentemente de suas características físicas, orientações sexuais, políticas, religiosas ou classe social.
Com essas modificações dos valores socioeducacionais, a baixa dos índices de violência escolar será uma meta possível em qualquer lugar do mundo, inclusive no Brasil.
Alexandre Saldanha
OAB-Pr 47.535
Advogado, Blogueiro Escritor, Cientista Líder ativista,  
Formado em Direito pela Universidade Tuiutí do Paraná
Pós graduado em Direito Civil pela Unicuritiba
Pós graduado em Direito Processual Civil Unicuritiba
Fundador da Liga Antibullying,
Especialista em Bullying
Especialista em Mobbing
Especialista em Direito da Personalidade





[1] Saldanha, Alexandre, BULLYING E DIREITO,1ª Edição, 2013,  Editora Online Corujito, SP,  p.29
[2] FIPE/MEC/INEP. Projeto de estudo sobre ações discriminatórias no âmbito escolar, organizadas de acordo com áreas temáticas, a saber, étnico racial, gênero, orientação sexual, geracional, territorial, de necessidade especiais e socioeconômica: sumário dos resultados da pesquisa. Brasília, 2009.
[3] Fischer, Rosa Maria, PESQUISA: BULLYING ESCOLAR NO BRASIL SUMÁRIO EXECUTIVO , MARÇO DE 2010, Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor – CEATS  Fundação Instituto de Administração - FIA, em parceria com PLAN
[5] Fonte: http://educacao.uol.com.br/noticias/2011/08/30/cerca-de-70-das-criancas-envolvidas-com-bullying-sofrem-castigo-corporal-mostra-pesquisa.htm, acessado em  26/12/2013. as 13h:47 min.

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